Delegação da Aduff-SSind no 60º CONAD também foi eleita
DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Aline Pereira
Foto: Luiz Fernando Nabuco/Aduff-SSind
Às
vésperas de completar dois meses de paralisação na UFF, reunidos em assembleia
na tarde dessa sexta (24), os
professores decidiram manter e intensificar a greve na instituição, com cem
votos favoráveis e uma manifestação contrária. Não houve abstenções. O
livro de presenças foi assinado por 112 docentes.
Muitos
argumentaram que, devido à pressão do movimento grevista, nas últimas semanas,
tanto a reitoria da UFF quanto o governo federal foram obrigados a reconhecer a
força da greve, iniciada pelos três segmentos da universidade no dia 28 de
maio. O documento apresentado pelo Comando Local de Greve – CLG à Assembleia
Geral enfatizava alguns ganhos obtidos recentemente nos cenários interno e
externo.
No âmbito institucional,
a reitoria da UFF atendeu a reivindicação da direção da Aduff-SSind, reforçada
pela assembleia do dia 13 de julho, e no início da semana, disponibilizou cópia
dos contratos firmados com as empresas que prestam os serviços de terceirização
e de todos os outros que foram acordados com as construtoras responsáveis pelas
obras nos diversos campi, seus aditivos e execuções orçamentárias. Também foi
comemorada a decisão da sessão extraordinária do Conselho de Ensino e Pesquisa –
CEP do dia 22 de julho, que adiou o início do segundo semestre na universidade,
manteve o sistema para lançamento de notas aberto e ainda deliberou pela
constituição de uma comissão para elaborar uma proposta de calendário de
reposição das aulas, uma vez terminada a greve na UFF.
Em relação
ao âmbito nacional, foi observado que, mesmo diante da conjuntura de crise econômica,
o governo também recuou, estabelecendo negociações com o fórum dos servidores
públicos federais. Se no início desse ano afirmava que não haveria reposição
salarial para a categoria, vendo a força do movimento grevista, que hoje abarca
41 seções sindicais e conta com forte adesão de outros setores do funcionalismo
público, apontou um reajuste de 21% parcelados em quatro anos (5,5% em 2016, 5% em 2017, 4,75% em
2018 e 4,5% em 2019).
Os professores entendem que a proposta do governo não é interessante porque
sequer repõe as perdas inflacionárias previstas para os próximos anos,
engessando qualquer negociação diante de um futuro econômico incerto.
“Acostumamos-nos
a ouvir sobre o forte contingenciamento orçamentário e já entendemos que a
despesa do Tesouro Nacional caiu, ou pelo menos, se estabilizou. Os números
indicam que de janeiro a maio de 2015, as despesas cresceram só 0,2%, enquanto
no mesmo período do ano passado elas representavam 4,8%. E as despesas de
custeio, pelas quais os servidores públicos federais são pagos, eram de R$174bilhões em 2014 e caíram para R$169 bilhões nesse ano. Sentimos esses efeitos no
cotidiano”, disse Victor Araújo, professor da Economia.
Os
docentes também apontaram que, se não fosse a mobilização crescente da greve, o
Executivo não teria sinalizado com a possibilidade de reajuste nos benefícios
(auxílios creche, saúde e alimentação) da categoria. Entretanto, enfatizaram
que a pauta de reivindicações não se limita à questão salarial, mas que abarca
ainda condições de trabalho, reestruturação da carreira e defesa da educação
pública.
A
professora Marinalva Oliveira, dirigente do Sindicato Nacional dos Docentes das
Instituições de Ensino Superior e professora de Psicologia em Volta Redonda,
disse que a pauta de reivindicações não é uma abstração e enfatizou a urgência em
fortalecer a greve e o Fórum das Entidades Nacionais dos servidores,
do qual o Andes-SN faz parte. De acordo com ela, que tem participado das
reuniões com o Executivo, há intenção declarada do governo em dividir o
movimento nacional, buscando negociar separadamente com as entidades. Segundo
Marinalva, os representantes do governo também afirmaram haver 16.400 vagas
disponíveis para concursos públicos na Universidade, embora não queiram
apresentar como elas estão distribuídas. O Ministério do Planejamento e o MEC também confirmam o contingenciamento
de verbas na universidade, dizendo que os gestores devem escolher quais contas devem
pagar. Afirmaram ainda que o governo não irá negociar os itens de pauta que
tragam ônus monetário.
Por isso, a AG
também reafirmou que a pauta de reivindicações deve ser negociada de forma
articulada entre itens de impacto financeiro e não financeiro, como reestruturação
da carreira; posicionamento contrário do MEC e da Andifes à contratação via
Organização Social (OS) e à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH); calendário de concursos e cronograma de obras.
SEMINÁRIO CRÍTICO SOBRE O.S.: CONTRA A PRECARIZAÇÃO
“As organizações sociais já fazem parte do nosso
cotidiano na UFF”, disse Kate Paiva, docente do Colégio Universitário Geraldo
Reis – Coluni. Ela afirmou que na escola de aplicação da UFF a maioria dos
professores é contratada via Fundação Euclides da Cunha e, em face da condição
de precarização do trabalho, não recebem direitos como férias, 13º salário e
ainda ganham menos para lecionar durante a mesma carga horária que os
concursados. Eles também não fazem greve porque temem ter seus
contratos cancelados. “A OS é uma realidade e já se impõe de forma diluída”,
avaliou.
Conscientes da necessidade de informar a comunidade
sobre os prejuízos trazidos pela contratação de professores via OS, os docentes aprovaram realizar um seminário
crítico para problematizar o assunto, analisando o impacto desse modelo na
Europa e na América Latina. Do mesmo modo, irão elaborar um material informativo sobre o tema,
problematizando o0 perigo que as OS representam para o funcionalismo público.
ATOS NOS DIAS 25 E 30 DE JULHO
Os docentes aprovaram a participação em atividades conjuntas com outros setores que acontecem nos próximos dias. Uma delas é a Plenária das Categorias estaduais em luta, que será realizada nesse
sábado (25), a partir 15h, no IFCS/UFRJ, no Largo de São Francisco. Os outros
dois eventos acontecem no dia 30, quinta-feira: manifestação no Hospital Universitário Antônio Pedro – Huap, a partir das 9h, em conjunto com os
técnico-administrativos/Sintuff; Ato Estadual das categorias em luta, a partir das 17h, com concentração na
Candelária.
A assembleia também deliberou
por um ato unificado entre os três segmentos da UFF, que deve ser construído
para a primeira semana de agosto. Professores destacaram a necessidade de dar mais visibilidade para a greve. “Aprendi muito sobre o funcionamento da universidade participando da militância. Nossa greve já é bastante
vitoriosa, mas é hora de fortalecê-la ainda mais, ocupar as ruas. Precisamos
dos professores conosco, empunhando as nossas bandeiras”, disse Nazira Camely,
professora da Economia.
OUTRAS DELIBERAÇÕES
Organizar
o Grupo de Trabalho (GT) Verbas Local; indicar que o Comando Nacional de Greve
convoque o GT Verbas Nacional para o estudo dos impactos orçamentários da
proposta do governo e da proposta dos servidores públicos federais; realizar,
quando possível, atividades de formação antes das assembleias, buscando
refletir sobre assuntos relevantes para a categoria; produzir vídeo para
divulgar as péssimas condições de trabalho nas unidades da UFF; e utilizar as
redes sociais para divulgar a pauta de reivindicações da greve.
DELEGAÇÃO PARA O 60º CONAD
“Atualização da luta
em defesa dos direitos dos trabalhadores e da liberdade da organização sindical
dos docentes para enfrentar a mercantilização da educação” é o tema do 60º Conselho do Andes-SN,
que acontece entre os dias 13 e 16 de agosto em Vitória (ES), para atualizar as
bandeiras de luta do Sindicato Nacional e pensar a organização da entidade. A asembleia elegeu os representantes da Aduff-SSind que participarão do evento, a saber:
Sônia Lúcio R. de Lima e Isabella Pedroso, respectivamente delegada e suplente;
Arley Costa, Eblin Farage, Elza Dely, Edson Teixeira, Felipe Brito, Francine Helfreich, José Raphael Bokeh, Kate Paiva, Renata
Vereza e Sérgio Aboud como observadores.
THÉO PIÑEIRO, PRESENTE!
A assembleia geral homenageou o professor Théo Lobarinhas Piñero, do Departamento de História/Nitéroi, que faleceu no
dia 22 de julho. Há mais de 20 anos na UFF, ele era considerado um companheiro
presente nas lutas em defesa da Universidade Pública e colaborador ativo na
construção do sindicato. Sua ausência será sentida pela comunidade
universitária. Théo Lobarinhas Piñero, presente!
PRÓXIMA AG
A próxima assembleia
geral acontece no dia 31 de julho, sexta-feira, às 14h, no auditório Florestan
Fernandes (Bloco D).